sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Deixei-me levar

Deixei-me levar na corrente
dos rios em tormenta
as cheias prenunciavam-se
o meu corpo balançava-se

o tempo sem termino
em espaços passava
o vento sem rumo
as folhas levava

o sangue com que os seixos me presentearam
gotejava
escuro e ferroso
afundava

Sem fim à vista
o tempo passava
a razão à loucura se transformava
uma alienação doce
da realidade imaginada

Enquanto o corpo mirrava
a vida era sonhada
o destino multiplicava-se
em milhares de possíveis variantes.